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Sobre a Analogia do Ente - Metafísica

A questão da Analogia do Ente em Aristóteles é estruturada sobre o ser, aliás, na sua metafísica buscara tratar o ente enquanto ser e suas determinações. Originava-se então, em séculos posteriores, o pensamento analógico, que foi uma manifestação do racionalismo medieval nas diferentes áreas como a lógica, no qual os intelectuais cristãos estavam preocupados com as plurissignificações; a teologia, que se ocupava sobre os assuntos com a linguagem sobre Deus; e pôr fim a metafísica propriamente dita, com a preocupação em como expressar a realidade das coisas e dos entes para a reintegração do conhecimento. Surge, portanto, uma dificuldade, quando se situa em uma análise lógico-linguística, na busca de uma definição em unificar os diversos significados do pensamento analógico, o desenvolvimento da analogia em três tipos: Os unívocos, na qual é um termo sempre utilizado para o mesmo sentido; os esquivos, na qual é um termo usado com vários significados, mas de forma diferentes e os análogos; um termo, muitos significados unificados, ou seja, usado em sentido relacional.  

O pensamento analógico busca relacionar as partes com o todo (universo), ou seja, seu papel é, de tal forma, de um pensamento como comparação. Evidentemente, o pensamento analógico é aquele baseado em analogia; onde a palavra “Analogia” quer em dizer um raciocínio relacional, ou seja, corresponde em buscar uma semelhança, sem negar, contudo, as diferenças entres esses dois termos comparados, possibilitando não uma conclusão universal, mas uma percepção de unidade entre eles.  

É partir desse pensamento analógico que Aristóteles e São Tomás de Aquino irão buscar entender as coisas da realidade. É diante dessa analogia do ente enquanto “semelhança e diferença” que surgiram alguns discussões e definições do ser. O plano de fundo dos pensamentos sobre o ser em uma visão aristotélicas era os estudos dos diferentes significados do ser como acidente, verdadeiro, potência e ato. Em função do caráter analógico do pensamento aristotélico em sua visão metafísica passa naturalmente ao estudo do ser e do ente, na qual o estagirita afirma que só o ente é (o que é). Logo, as correlações estabelecidas entre esses dois termos é a conexão no que faz capaz de exprimir e explicar as coisas do mundo, portanto de acalmar as dúvidas existenciais. 

Tendo em vista que a analogia faz correlação com a semântica dos termos (um termo, muitos significados), faz-se necessário a compreensão dessa noção no que se refere ao ente. Dessa forma, vemos que a analogia do ente gira em torno do ser e sua determinação; por exemplo: Caneta azul, podendo ser extraído dessa afirmação sobre o ente o ser em si (ser caneta), sua determinação (ser azul), a própria determinação que é o ser em si e ser do outro no acidente. Fica evidente, portanto, que de um único ser pode ser abstraído uma multiplicidade e diversidade de significados unificados. 

A analogia, então, se distingue da univocidade (que se volta para o ser idêntico, descuidando-se das determinações) e da equivocidade (que se volta para as determinações e se descuida do ser), fazendo uma síntese entre identidade do ser e as determinações. 

Desse conceito de analogia do ente temos dois tipos: a de proporcionalidade e a de atribuição. A analogia de atribuição é aquela que está na semelhança absoluta ou das formas; por exemplo: manga pode ser uma fruta ou a manga da camisa; já a analogia da proporcionalidade é a relação de semelhanças de correlações de proposições matemáticas, por exemplo: dois está para quatro assim como três está para seis. 


Há ainda uma divisão dentro dessas analogias: 

A) Analogia de atribuição intrínseca: se dá quando o significado do termo se encontra em todos os sujeitos em que se predica, porém de modo desigual, sendo no primeiro de modo mais perfeito e nos outros de modo derivado. Por exemplo, o espinho que espinha/fura e uma pena que também espinha/fura; ambos têm a mesma capacidade expetante, porém o primeiro de forma mais perfeita e o segundo de forma secundária (analogia de atribuição intrínseca metafórica); ainda que Deus é causa eficiente do mundo e o homem é causa eficiente de uma casa, ambos são causa eficiente de algo (analogia de atribuição intrínseca própria); 

B) Analogia de atribuição extrínseca: se dá quando o significado pelo nome se encontra apenas em um dos analogados e nos demais não se encontra de forma efetiva. Por exemplo, Santo Antônio e a Bíblia Sagrada, nos dois a santidade está presente, porém no primeiro de forma explicita e no segundo de forma implícita; 

C) Analogia de proporcionalidade própria: se dá quando a relação de proporção do nome é própria nos pares do termo. Por exemplo, a vista está para as cores como o ouvido está para o som, ou seja, cada realidade está focada em seu objeto. 

D) Analogia de proporcionalidade imprópria ou metafórica: se dá quando há a utilização de metáfora. Por exemplo, quando se diz “visão” intelectual, faz-se uma analogia a visão corporal, mas a visão não é própria do intelecto. 


A analogia do ente é estritamente racional e inteligível, esta proposição, impossível de ser compreendida pelas vias sensitivas, agregam em si, a unidade e a identidade do ser, assim como a diversidade e multiplicidade que englobam a determinação do ser. No entanto, uma vez que abrangem o uno e o múltiplo, que são respectivamente contrários, em uma só manifestação, poder-se-á cogitar que a expressão metafísica da analogia do ente vá contra os princípios lógicos, a saber, o da não-contradição. Não obstante, a questão a investigar é elucidar a contrariedade presente neste princípio racional afim de que possam ser compatíveis.  

A solução do problema mencionado, é possível a partir do entendimento que o ente é uno levando em consideração, de modo semelhante a cosmologia heraclitiana, a unidade dos contrários que há ao redor da expressão, ou seja, o ente torna-se um no momento que a determinação e o ser são anexados na constituição do ente. Ser e determinação coexistem por si e formam o ente. Com efeito, o impasse real, a ser resolvido é entender a distinção que há no dualismo supracitado de modo que não inferira ou contradiga a unicidade do ente, ademais, dentre as perspectivas possíveis para o esclarecimento são:  


A) Ambos os constituintes não são independentes. Dado que na afirmativa da independência dos elementos, a concepção da unidade do ente seria incognoscível pelo motivo que seriam entes distintos, de modo que a síntese do ser e determinação seria suprimida: a determinação seria não-ser e o ente corresponderia ao ser. Ainda, tal significação abriria margem para interpretações monistas ou pluralistas, que o ente significaria respectivamente, ou o ser ou a determinação; 

B) Os dois elementos não são duas frações do ente, pelas mesmas razões sobreditas na primeira perspectiva; 

C) Determinação e ser são duas bases engendradas e correlacionadas de tal maneira que formam a síntese que é o ente. Dito de outro modo, é completamente ser e determinação, é integralmente uno e múltiplo, é absolutamente separado e conjunto. 


Desse modo, o ente é todo inteiro ser e determinação, a sua essência compreende-se no modo de ser, isto é, ser-determinação. O ente, portanto, é intrinsicamente transcendental, em razão de que a determinação é sui generis ao ser, e o ser é exclusivamente conexo à determinação.  

Compreendido a distinção presente na síntese de ser e determinação, os escolásticos definiram termos próprios para designar os elementos constitutivos do ente: principium quod, aquilo que é; e id quo est, aquilo pelo qual o ente é. Exemplificando, o primeiro termo definiria o indivíduo, o segundo corresponderia ao ser humano, de modo que ambos se complementam tornando-se uno. Como fica evidente, a analogia do ente, equivaleria sendo a unidade na diversidade, podendo ser tanto abstrato, concreto e princípio formador correlacionado. 




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