INTERPRETAÇÃO MEDITATIONES DE PRIMA PHILOSOPHIA
O autor das epístolas frente aos teólogos de seu período se deparava em um período de um confronto direto de ideias; o moderno que acabara de nascer, em debate com as ideias medievais do catolicismo em decadência. A Igreja Católica devido as mudanças ocorridas no Renascimento, perde o monopólio do domínio da produção intelectual (por mais que suas ideias ainda vagavam em peso dentro das Universidades.), assim propiciando que novas explicações a respeito de temas que apenas intelectuais seguindo o dogma apostólico romano possuíam, dentre eles, no que se diz respeito a teologia e filosofia.
René, logo no início, afirma que possui duas questões fundamentais que lhe interessa investigar: sobre Deus e sobre a Alma. Como dito anteriormente, apenas os intelectuais religiosos podiam formar ideias a respeito de temas como estes. Justamente por terem um viés religioso em suas linhas de pensamento, explicavam tais temas a partir de concepções divinas, surgiram correntes opostas que negava as verdades de fé e metafísicas, Descartes ao contrário, procura tentar explicar Deus e a Alma por um olhar além da teologia. Em outras palavras, o filósofo francês estava motivado a romper com as ideias medievais impostas por um cristianismo cego e um ateísmo moderno, refletindo através de um ponto de vista crítico-filosófico.
A existência de Deus, é concebida de forma que seja válida para os infiéis e para os crentes. Utilizando de passagens da Bíblia Sagrada para reforçar seu argumento de que a onipresença da Deus, está presente em todos, e manifesta-se através da razão. Além do mais, tal como Platão, o Divino se põe em evidência através do uso racional da mente. Inclusive, usando os fundamentos sobre a existência elaborada por Parmênides, afirma que Deus existe decorrente de sua ideia, pois só é possível pensar idealizar algo que existe, visto que é inviável entender uma ideia que derive do não-ser.
Descartes na introdução do terceiro parágrafo, começa a discorrer seus motivos pelo qual vai elaborar argumentos sobre a alma. Nesse período começa a surgir uma tendência no meio intelectual que alegava que a razão levou a conceber que a alma perece juntamente ao corpo, assim como atestavam que a crença na vida pós-morte era sustentada somente pela fé.
Inspirado pelo Concílio de Latrão, que abomina tais concepções e convoca os pensadores cristãos a refutar as heresias, como intelectual e seguidor da fé cristã, ousou se aventurar a fim de combater a expoente incredulidade com um método que aprimorou para resolver impasses desta estirpe no ramo do saber.
René expõe em sua epístola, as razões pelas quais esse movimento herético começa a rondar o espírito do homem: Os infiéis argumentavam que não existia meios, comprovações, que afirmam de fato a existência de Deus, assim como, a distinção entre corpo e alma. O filósofo francês, proclama que essas questões já foram tratadas por pensadores de grande valia, que caso bem compreendidas tais explicações, a demonstração da veracidade sobre Deus e a alma, torna-se evidente. Porém afirma juntamente que, com efeito, são quase impossíveis de serem trazidas à luz da razão, entretanto, julga a filosofia como a ciência que vai auxiliar na busca de respostas, expô-las com precisão, colaborando com uma possível demonstração na posteridade.
Nas meditações sobre a “Filosofia Primeira”, nos últimos parágrafos, trata-se de irreligiosidade dos ímpios perante a existência de Deus e sobre à distinção da alma e corpo. O próprio autor se aprofunda e estabelece no seu tratado um método para tentar assegurar as dificuldades e questionamentos no que diz respeito as questões fundamentais da filosofia. Enfim, René demonstra no seu tratado que estas respectivas indagações já levantadas devem ser analisadas através do pensamento filosófico crítico-racional para quem fosse pudesse expor de modo que todo homem conseguisse compreender.
René desempenha uma série de objeções e respostas, na tentativa de uma certeza que prevaleça sobre qualquer dúvida. Ele começa a discorrer seus motivos, mas próprio filósofo deixa claro que quaisquer que sejam as certezas e evidências que ele possa encontrar nessas demonstrações, não poderia se deixar persuadir de que elas estão no nível da compreensão de todos, justamente pelo fato de requisitar do estudioso uma leitura atenta e que mente esteja inteiramente livre de preconceitos e desligada dos sentidos para ser compreendidas. René relata a dificuldade de sustentar a verdade e o desejo de entendê-la, mas deixa claro que a filosofia é uma via que busca compreendê-la e que inspira os pensadores cristãos a refutar as “verdades” e heresias regentes.
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