RESUMO DE PSICOLOGIA SOCIAL: CONFORMIDADE E OBEDIÊNCIA

 1. Duas formas em que ocorre a conformidade segundo David G. Myers:

A conformidade manifesta-se de inúmeras maneiras. David G. Myers, no entanto, considera apenas três aspectos deste mesmo fenômeno social, ainda que das três variedades consideradas, uma constitui-se como subvertente de outra, desse modo podemos considerar, stricto sensu, apenas duas formas: 1) Aquiescência, ou seja, a conformidade estranha e falsa a subjetividade individual para com determinados padrões socioculturais que são constituídos, implicitamente, de forma objetiva pelo conjunto social; desta vertente de conformidade, têm-se a obediência, quando esta é, explicitamente, uma ordem. 2) Aceitação, isto é, a forma de conformidade que a pressão do conjunto de ideias e crenças de determinado grupo exerce no indivíduo. Aqui e ali, seja como for, o indivíduo se dobra a sociedade, com ou sem seu consentimento


2. Descrição do “efeito Werther” descrito pelo sociólogo David Phillips:

Para David Phillips e seus colegas pesquisadores, o “efeito Werther” é um fenômeno social imitativo que condiciona os indivíduos a agirem conforme algum acontecimento ou  influência externa que sejam demasiadamente divulgados, – tanto em casos positivos quanto negativos (como as ondas de sucídio que ocorreram no século XIX na Alemanha após a publicação do romance de Goethe). 


3. O fenômeno do mimetismo como fator determinante para que um sujeito seja prestativo com outro ou da solidariedade::

Um dos experimentos realizados para a validação do mimetismo como condicionante para os comportamentos individuais que sejam prestativos com o outro foi realizado por Rick van Barren na Holanda, no início deste milênio.O experimento consistia em propor a estudantes experimentar um novo tônico esportivo; dos alunos submetidos ao experimento, a maioria que teve seus trejeitos imitados pelo entrevistador optou por experimentar a bebida disponível. Conclui-se, portanto, que modos e maneiras compartilhadas por indivíduos condicionam não apenas sua “vulnerabilidade” às influências do grupo, mas também suas decisões e possíveis interpretações da realidade.. 


4. Stanley Milgram, a legitimidade da autoridade e sua obediência:

Milgram examinou acerca da influência do experimentador realizando o mesmo teste com alterações no seu papel e também na posição do aprendiz. O resultado obtido foi a diferença quantitativa de indivíduos que obedeciam às ordens de eletrocutar outra pessoa, se, a autoridade (legítima) estava próxima e a vítima distante do algoz. 


5. As semelhanças da análise dos resultados dos experimentos sobre obediência de Solomom Asch e Stanley Milgram:

A análise de ambos os pesquisadores assemelham-se em dois principais pontos, em primeiro lugar, na coesão social que induz os indivíduos a desenvolverem atos e movimentos específicos; em segundo lugar, na presença do caráter obediente dos homens. Todavia, Asch e Milgram procedem de modo diverso para constatar o mesmo fenômeno. Enquanto Asch utiliza, literalmente, da pressão social de cinco pessoas para induzir a um resultado específico, Milgram faz do papel da autoridade uma sublimação da sociedade. 


6. Exemplo da vida real em que se pode observar a “Formação de Normas”, tal como pesquisada por Muzafer Sherif:

Um exemplo de “Formação de Normas” que Sherif desenvolve pode ser encontrado em qualquer grupo ou ato social. Por exemplo, ainda que três pessoas que moram no mesmo local compartilhem rotinas distintas entre elas, a sua função respectiva de organização doméstica nasce  organicamente da necessidade de deixar a casa habitável para essa família: enquanto um e outro lavam o quintal e a louça, outro limpa o banheiro dos gatos e o interior da residência, gerando assim normas implícitas de divisão social do trabalho e de convívio.


7. Três três circunstâncias que contribuem para o aumento da “conformidade”:

Muitas podem ser as circunstâncias que podem fazer que aumente a probabilidade do indivíduo se conformar. Três das quais são um consenso entre os pesquisadores da psicologia social são: 1) O nível de contato com x fenômeno social (por exemplo: o sujeito que só têm contato com a cultura oriunda da religião católica e indivíduos que professam a mesma fé, provavelmente não se converteria ao maometanismo, mas pelo contrário, conformar-se-ia e seguiria a religiosidade dos seus próximos); 2) A aceitação e o repúdio coletivo de determinados paradigmas (por exemplo: uma pessoa que cresce e se desenvolve em uma sociedade não-vegana, tende a conformar-se com o sofrimento animal e os impactos da agropecuária no meio ambiente. É aceitável e incentivado, dentro deste grupo, comer carne animal, e repudiável sua recusa por motivos ideológicos). 3) O quão sólido é a relação social defronte à algumas normas (por exemplo: em uma sociedade no qual a vida é colocada como um valor inexprimível e as duras censuras por atos contrários à existência e a dignidade humana fazem o indivíduo ater-se ao mesmo valor e repudiar a mesma infração, conformando-o a coletividade. 


8. O motivo pelo qual, de acordo com a análise dos experimentos de Psicologia Social, os indivíduos apresentam o comportamento de conformidade:

Os indivíduos se conformam por dois principais motivos: a aceitação gerada por acatar subjetivamente determinados aspectos aceitos pelo grupo, constituindo a influência normativa; e a transferência de autoridade para o grupo através de determinadas evidências que este possui quando não pode ser determinado ou experimentando apenas pelo indivíduo, esta é a influência informacional (por exemplo, na aceitação que muitos têm diante da comunidade científica). 






O CÍRCULO DE VIENA, A METAFÍSICA E O MUNDO

    Uma das principais preocupações de Rudolph Carnap, integrante do Círculo de Viena, era a construção de uma filosofia científica, livre de pseudo-problemas. Carnap constrói seu eixo de pensamento em uma filosofia da ciência em duas grandes correntes, o pragmatismo e o empirismo científico, visando enquadrar o saber filosófico em uma análise da linguagem cotidiana e científica. Diferentemente de outros membros do Círculo de Viena, Carnap estendia o objeto de investigação de sua filosofia não apenas aos recursos lógicos-formais do pensamento, mas também o aspecto pragmático e semântico. Seja como for, a construção de seu pensamento envolve particularidades entre as duas correntes distintas, ainda que seu enfoque esteja centrado nos moldes cientificistas austríacos do início do século XX.

    O desejo de Carnap e seus colegas do Círculo é expresso categoricamente no Manifesto dedicado a Moritz Schlick: é preciso que haja uma concepção científica do mundo, afastando-se de devaneios e questões insolúveis. A emergência de uma filosofia científica resplandece diante do desenvolvimento das ciências matemáticas, lógicas e naturais no decorrer da Revolução Científica a contemporaneidade. Contudo, ainda que com progressos inexistentes até então na história da humanidade, a persistência do dogmatismo metafísico assombra e persegue o pensamento humano impedindo-o de ater-se ao que verdadeiramente pode ser dito, para dizer como Wittgenstein. Ora, o discurso e o método filosófico não se distinguem, segundo Carnap, do científico. Ambos os saberes devem ater-se na realidade, explicitando sistematicamente os fenômenos observáveis em enunciados claros e distintos. A filosofia, portanto, para nosso autor, constitui-se através de um amplo limite. Esta reflete sobre os princípios e termos científicos tencionando colaborar com os avanços nas ciências naturais mediante um uso dos recursos lógicos-formais. O empirismo científico busca acolher tanto os aspectos lógicos quanto práticos. 

    Por excelência, a elaboração de uma concepção científica de mundo é fruto direto de um espírito iluminista neokantiano e anti-metafísico, determinada pelo impacto do empirismo e positivismo. Partindo sobretudo das ciências empíricas, a filosofia, pautada no entendimento esclarecido e em ideias claras e distintas, precisa esforçar-se na tentativa de unificar as ciências, na organização dos aspectos socioeconômicos, e na manutenção da experiência cotidiana dos homens. Este propósito, além destes vieses práticos, de educação e divulgação científica, implica em posições teóricas e intelectuais. Aqui e ali, torna-se preciso escapar de pseudoproblemas. Não há mistérios ou problemas enigmáticos em filosofia, há “problemas” tradicionais que são ilusões, equívocos da razão pura. O saber filosófico tem de elucidar e esclarecer estes problemas e submetê-los ao crivo do método lógico-analítico de Russel ou apenas, tal como Kant, questionar: “Como é possível uma ciência pautada em juízos sintéticos a priori?”

    O indivíduo que se dispõe a fazer ciência, ou a ver o mundo com a uma concepção científica, necessita, portanto, elaborar uma proposição ou uma síntese de proposições e analisar minuciosamente enunciado por enunciado, elaborar hipóteses ou teoremas e colocá-los sobre o crivo técnico da experimentação com os meios que a tecnologia permite. Portanto, a lógica do conhecimento é, para Carnap e outros membros do Círculo de Viena, um empreendimento de análise destes processos lógicos de experiências, ou seja, um ato de exame sistemático do método das ciências empíricas, propondo enunciados úteis e desenvolvendo o pensamento filosófico científico. Logo, uma vez que a ciência exige que seus enunciados sejam válidos experimentalmente, a metafísica e seus pseudoproblemas que elaboram-se visando a obtenção de um conhecimento certo verdadeiramente indubitável via a razão pura, fazendo um paralelo com Kant, não progride e seu saber gira envolta de seu círculo vicioso da injustificabilidade, não transpondo o critério de demarcação elaborado pelos positivistas lógicos, que propõe um procedimento metodológico para que a ciência chegue a um saber unificado.

    Essa concepção de elucidação dos pseudoproblemas, seu desmembramento e busca de um sentido empírico para o saber teórico e prático refletem as influências que Gottlob Frege exerceu neste grupo. Frege, em decorrência de seus estudos na aritmética e na matemática, buscou purificar a linguagem de ambíguas, de modo a buscar um modus operandi de pensar, claríssimo e exato, como as ciências matemáticas, — visto que, segundo este autor, a aritmética decorre da lógica . Nessa busca, o filósofo desenvolve o critério de identidade em seus conceitos de sentido e referência, e, consequentemente em seu exemplo clássico: A definição estrela da manhã e a estrela da tarde, utilizadas por séculos como uma coordenada geográfica, refere-se ao planeta Vênus. O sentido, aquilo que pode mudar em uma proposição, estrela da manhã ou da tarde, diz respeito a referência, o planeta Vênus. A compreensão de Frege é, semelhantemente à concepção analítica do círculo vienense, que uma proposição verdadeira é aquela intrinsecamente conexa a referência.

    Ora, visto que Frege visava a construção de uma linguagem absolutamente lógica e universal, sem erros ou ambiguidades, e Carnap, definindo e delimitando o conhecimento válido aquele que é sujeito à empiria-positiva. A metafísica, na perspectiva contrária à Carnap e Frege, jaz em castelos de cartas e em uma linguagem obscura e confusa e falha ao critério metodológico científico-filosófico e linguístico fregiano, ou para dizer tal como Carnap, a metafísica é inútil. O dogmatismo metafísico impede a construção de uma linguagem pura e de uma concepção de mundo científico e, como diria Marilena Chauí, majoritariamente são estruturas de teologias-políticas, enquanto que o desenvolvimento de um pensar positivo e pragmático propicia um mundo mais belo e sublime para todos: “A concepção científica do mundo serve a vida, e a vida a acolhe”.





RESUMO DE PSICOLOGIA SOCIAL: CONFORMIDADE E OBEDIÊNCIA

  1. Duas formas em que ocorre a conformidade segundo David G. Myers: A conformidade manifesta-se de inúmeras maneiras. David G. Myers, no...