O sul da África desde meados da década de 70 vem sofrendo com uma grave epidemia do vírus do HIV. Em 2003 tem-se em média que aproximadamente 2,4 milhões de pessoas tenham falecido em decorrência da AIDS e cerca 30 milhões estão com o vírus ativo em seu organismo na região subsaariana do continente. Longe de ser tão somente uma questão de saúde de pública, a disseminação da enfermidade abalou toda infraestrutura sociopolítica agravando de modo contumaz as dificuldades já preexistentes dos países africanos.
Na região central da África, em Uganda, as taxas relacionadas ao vírus do HIV vêm diminuindo drasticamente proporcionando um exemplo profícuo frente as crises geradas por doenças sexualmente transmissíveis; com políticas públicas de conscientização, mudanças de comportamentos interpessoais, tratando a epidemia sem critérios morais pré-concebidos, o país, nas palavras do ex-epistemologista da Organização Mundial da Saúde, Rand Stoneburner, tomou uma “vacina social” mais eficaz e acessível financeiramente que os métodos de combate ao HIV empregados em outras regiões do globo tal como o uso de preservativos e fármacos que impedem o desenvolvimento da patologia no corpo humano — ademais, é válido destacar que a facilidade de acesso a preservativos se mostrou ineficaz frente a sistemática educativa (Botsuana e Zimbábue, mesmo com a disponibilidade de camisinhas, continuam com uma taxa elevada de pessoas com HIV positivo).
O ponto de virada na grave relação com a AIDS na Uganda sucedeu após o presidente Yoweri Museveni assumiu o cargo estatal. Com um país devastado por ditaduras, conflitos internos, doenças infecciosas, Museveni começou uma larga campanha de combate à disseminação do HIV com três critérios preventivos basilares: castidade, observância e zelo matrimonial, e preservativos. Ainda que com pouco apoio de instituições humanitárias do ocidente que estimulavam o uso de preservativos, amplas entidades da sociedade uganlandesa se mobilizaram com o governo e com a Comissão de Aids de Uganda afim de proporcionar uma conscientização salutar acerca da problemática e da intimidade sexual da população.
O resultado da conscientização: no final do século passado e início dos anos 2000 a epidemia já estava excepcionalmente controlada no país africano com altos índices de indivíduos se abstendo de relações sexuais fora do casamento, com casais fiéis aos seus respectivos companheiros, com redes de informação sobre a AIDS em todo território, concomitantemente, com facilidade de obtenção de preservativos por parte do grupo de risco (meretrizes e pessoas que trabalham de forma ativa com o sexo), e de igual importância, o índice de contaminação radicalmente atenuado em dois terços.
Dentre todas as medidas adotadas, na antiga capital da Uganda também fora estabelecido por voluntários uma rede apoio para pessoas que testam positivo para o HIV, a Organização de Apoio à Aids visa enfrentar os preconceitos ligados a enfermidade e proporcionar um auxílio adequado para os indivíduos infectados; igualmente, com o intuito de prevenir a epidemia à longo prazo, desde o início dos estudos as crianças são instruídas sobre questões acerca da sexualidade e dos riscos de possuir uma vida sexual ativa fora do matrimônio ou relações vulneráveis às DSTs.
Não obstante, apesar de todo progresso que o país conquistou da década de 80 para o início do século XXI Uganda ainda sofre com as consequências da crise de saúde pública ocasionada pela Aids, por exemplo, com um número significativo de órfãos, filhos de pais vitimados pela enfermidade, e com uma taxa elevada de contaminação comparada aos países europeus.
Com efeito, de acordo com os dados levantados pelo Programa de Aids da ONU, nos países adjacentes a situação epidêmica é ainda mais alarmante com índices elevadíssimos de pessoas com o vírus ativo do HIV. O presidente Museveni deduz que a negligência perante a AIDS se origina pelo tabu existente sobre a sexualidade em regiões mais conservadoras da África; tal como no Quênia, onde em decorrência da contrariedade popular e estatal diante dos métodos de combate a AIDS, o governo só declarou estado de emergência quando a propagação do vírus já havia gerado consequências substanciais, estima-se que acerca de 700 pessoas faleciam diariamente resultante da doença em 1999. Todavia, com a chegada ao governo em 2002, o presidente queniano Mwai Kibai, o combate e prevenção à AIDS tomou uma proporção significativa com centros médicos e educativos para a popular. Seguindo o exemplo de Uganda, Quênia e Zâmbia, vêm se desenvolvendo principalmente entre os jovens através das mudanças de atitudes funcionais e preventivas em relação ao sexo.
